# Caminhos do Imaginário

A lenda do pervagar penado de Donana pelas ruas da cidade, às noites de sexta-feira (há uma variante que dá essa sinistra aparição como ocorrendo às quintas-feiras), teve larga difusão da primeira metade deste século, quando eram comuns as ruas mal-iluminadas ou completamente às escuras, pelos constantes cortes de energia elétrica, e também por causa dos desmandos policialescos da ditadura do estado, que traziam medo e maus presságios às noites Ludovicenses.
Reza a tradição que os notívagos da cidade, ao pressentirem a aproximação do horrendo coche, fugiam aterrorizados, à procura de um lugar em que pudessem abrigar-se com segurança. Se assim não fizessem, estariam sujeitos a receber da alma penada de Nhá Jansen, como popularmente chamada, uma vela acesa que amanheceria transformada em osso de defunto.
A carruagem, puxada por cavalos decapitados e tendo na função de cocheiro, um escravo igualmente decapitado e com o corpo sangrando de monstruosas sevícias, produz, horripilantes sons, combinação do atrito de velhas e gastas ferragens com o copo de lamentações de escravos em estertor.
A lenda da carruagem de Ana Jansen, pavor, principalmente, dos meninos São-Luisenses de outrora, deu às belas noites enluaradas da cidade a contraface tétrica de negros em agonia e cavalos pavorosos que, ao toque de seus cascos no calçamento das ruas, arrancavam faíscas de fogo, nesse longo e aterrorizante suplicio de dona Ana Jansen.

Referências
MORAES, Jomar – 1940. Guia de São Luís do Maranhão / Jomar Moraes. – 2.ed. São Luís: Legenda, 1995. 306 p., Il.
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